Quando Ele Foi Embora

  Lembro-me bem como foi. Eu havia viajado com meus avós. Houve uma ligação repentina. Poucas palavras trocadas. Uma expressão assombrada da parte do meu avô e um ollhar de compaixão direcionado a sua pequena Aria (eu). 2 dias depois, todos embalados em auras cansadas devido á rotina cansativa das férias,eu finalmente cheguei em casa. E o que encontrei lá? Uma  cadeira sobrando,uma caneca laranja inutilizada,e todos os objetos pessoais do meu pai haviam desaparcido...inclusive o próprio.
  Agora um breve aviso: Não revelarei aqui os motivos do infeliz divórcio dos meus pais. Acreditem,não me importo de expor minha intimidade aqui,mas isso ,de certo modo,não é assunto meu. Se bem que,nem eu sei o verdadeiro motivo da tal separação.
  Acreditem,nos primeiros anos eu realmente não senti muito a perda. Não entendam mal,eu sempre fui uma criança um tanto estranha e sabia muito bem o que era divórcio e o que significava "ser um casal" e que tambén,qualquer casamento corre tais riscos de divórcios. Eu já havia percebido um tempo antes de tal fato ocorrer,que meus pais nunca agiram como um casal em si. Lá no fundo do meu coraçãozinho infantil,eu sentia uma tragédia se aproximando.
  Mas aí as coisas começaram a mudar.
  Minha mãe sempre fora uma mulher um tanto quanto..."explosiva". Na época antes do divórcio,sempre que ela ameaçava "explodir' comigo,eu apenas corria e me escondia atrá do meu pai,usando-o como uma parede protetora. Mas eu já não tinha nada para me proteger.
  Ele era minha parede protetora. Eu só precisei de uns anos pra perceber isso.
  Hoje em dia,sei que perdi meu único porto-seguro do modo mais cruel possível. Á força,sem que eu ao menos pudesse ter lutado por ele.
   Entre outros problemas,houve tambén a perda de contat. Minha relação com meu pai não se deteriorou,acreditemnem sequer perdemos intimidade,mas mesmo assim não é a mesma coisa. Ninguém mais me acorda gentilmente e faz trançinhas no meus cabelo pra ir á escola. Ninguém mais me abraça e me dá atenção quando eu preciso chorar. Ninguém escuta meu ponto de vista-antisocial do meu dia-a-dia. Quantas vezes eu chorei e senti aquela vontade aterradora de gritar um sonoro e sincero "Eu quero meu pai!"?
  Esse post não é um consolo. Não posso te ajudar a superar algo que nem eu mesma superei. Mas caso você esteja passando por algo parecido,eu gostaria de te dizer algo que eu sempre precisei ouvir na minha vida e ninguém nunca ousou me dizer:
Você não está só.
 
 

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